O prefácio que aqui transcrevo, com autorização escrita, é o resumo do livro, que recebi do seu autor. (67-96 Marinho).
CLARINDO DOS SANTOS: o civil que conheço mais vibrador pela nossa aviação. Nos anos cinquenta foi aprovado na seleção para a Escola Preparatória de Cadetes do Ar e, com mais 174 jovens, partiu, cheio de esperanças, para Barbacena. Todas as cenas, desde então, ficaram retidas em sua memória. Já lá se vão cerca de 25 anos e estão claras e precisas como se tivessem acabado de ocorrer. A história do aluno CLARINDO é parecida com a de todos os outros que, na sua década, deixavam suas casas para, em busca da concretização do seu ideal, serem oficiais da Força Aérea Brasileira. Talvez haja muito de comum com aqueles outros, de mesma idade, que ingressavam nas Escolas Preparatórias do Exército ou Colégio Naval. Crianças metidas a homens, em sua maioria, tinham que ser moldadas para poderem integrar o círculo militar. O exame psicotécnico (até hoje muito rigoroso) procurava selecionar aqueles cujas personalidades mais facilmente se adequassem aos princípios exigidos. CLARINDO DOS SANTOS mostra tudo isto em Memórias de um BQano (BQ é a sigla telegráfica de Barbacena). Mostra como viveu e sentiu. A Chegada à Escola, a recepção, o trote, o primeiro dia de aula, o primeiro licenciamento e o difícil relacionamento com a população da cidade. Era terrível quando, nos fins de semana, mais de 500 alunos tomavam toda Barbacena. Os pais mais cuidadosos isolavam suas filhas, que só tinham liberdade nos dias úteis. Por isso, o interesse de muitos alunos em escapulir da Escola nesses dias. Tais fugas eram chamadas de V.I.s (voos por instrumento), pois ocorriam sempre a noite e por lugares os mais estranhos, entre eles o Buraco da Onça (na vegetação que separava a escola da linha férrea). CLARINDO relembra, também, com muita fidelidade, como se deram as primeiras aproximações entre os alunos. Era comum verem-se, no início, os grupos dos cariocas, dos paulistas, dos gaúchos, dos mineiros e dos “aratacas”. CLARINDO, curioso e integrador, queria participar de todos eles; daí as histórias que nos conta de cada grupo. CLARINDO DOS SANTOS, lutador obstinado e líder nato, chegou a ser eleito Presidente da Sociedade Acadêmica, que congregava todos os alunos da EPCAR. Mas o seu destino não era ser militar. Saiu. Saiu fisicamente... Este livro se constituirá em um deleite para todos aqueles que tenham passado, em qualquer época, por uma Escola de Formação de Oficiais. Será útil para os jovens que pretendem seguir a carreira militar. Será importante para os que gostam da História do Brasil, pois é um capítulo da história da Força Aérea Brasileira que, por incrível que pareça, ainda não havia sido escrito. Edson Relvas (aluno 56-68)
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