Moça Altaneira Turma É Pra Leão – BQ 64
Era o calor de março de 1964. Mas tu eras diferente. Naquela fria e nevoenta manhã, à estação de ferro enviaste japonas e quepes azuis, asas douradas, emoldurados por límpidos cachecóis brancos. Desejavas trazer-me o calor da vida. E ainda tocaste música para encher-me de alegria. Recebeste-me de braços abertos, um abraço tão apertado que ainda hoje te sinto perto de mim. Cheguei quase criança, e tu me levaste ao caminho dos adultos. Eu era dúvidas, sonhos e questionamentos. Deste-me a direção. Do Brasil, quem surgira ao meu lado? Não sabia. Deste-me amigos para sempre. Nas noites escuras, até fugi de ti. Mas, saciado e redimido, voltava sempre ao teu seio. Com ou sem apito do trem. No teu ventre, acordaste-me com inesquecíveis sons do Gloster em madrugadas festivas. Entre assustado e feliz, corria para vê-lo. Era impossível deixar de fazê-lo. Mas ele já havia passado. Ficaram os eternos sons. Fizeste-me rir e brincar. Mas mostraste-me os caminhos do saber. Fizeste-me ficar de pé o dia inteiro e fazer longas caminhadas. Mas deste-me também o repouso e a tranquilidade para viver os sonhos. E o discernimento da dor se não os alcançasse. Malcriada, até recusei tua comida. Mas, acreditava, tu me forjavas o caráter. Fizeste-me homem, tudo o que sou. E em número, o que somos. Eterna moça EPCAR, não sei se te beijo ou te venero. Em dúvida, dou-te meu coração e minhas palavras. = FECHE ESTA JANELA PARA RETORNAR = |